Pulga

As Pulgas

As pulgas são pequenos insetos que pertencem à Ordem Siphonaptera (siphon = tubo; aptera = sem asas). Além das muito bem conhecidas pulgas, esta ordem também compreende os insetos conhecidos como bichos-de-pé. Tanto um como outro são classificados como insetos hematófagos, ou seja, se alimentam sugando o sangue de seus hospedeiros. Esses insetos são encontrados em todo o mundo, com aproximadamente 2400 espécies conhecidas. Dessas, pouco mais de 200 ocorrem na América do Sul, e no Brasil já foram contabilizadas 56 espécies.


Como Identificar uma Pulga

As pulgas são insetos pequenos: medem de 1 a 3 mm, de cor castanha escura e de corpo achatado lateralmente, para facilitar sua locomoção entre os pêlos do hospedeiro. Quem já tentou pegar pulgas de seu cão alguma vez sabe que esta forma de corpo facilita muito a fuga do inseto!
São ápteras, ou seja, não possuem asas. O último par de pernas é adaptado para saltar, o que lhes permite dar pulos extraordinários, que chegam a medir várias vezes o seu tamanho!
Apresentam aparelho bucal do tipo picador-sugador. Os machos, além de serem menores que as fêmeas, diferenciam-se destas pela morfologia dos órgãos genitais: enquanto neles a extremidade posterior - onde está o órgão copulador - é pontuda e voltada para cima, nas fêmeas a extremidade posterior é arredondada, exibindo uma estrutura visível após clarificação de alguns segmentos do abdome.
As pulgas possuem numerosas cerdas, de grande importância para sua classificação taxonômica. Dessas, as mais importantes são as localizadas na cabeça, atrás das antenas, e as mais espessas, em forma de pente, junto do aparelho bucal.


A Reprodução das Pulgas

Um casal de pulgas hoje, uma grande família amanhã...
Aqui ficaremos sabendo um pouco a respeito da reprodução destes pequeninos insetos. Em geral, a cópula é realizada pouco depois que as pulgas emergem dos pupários.
Após a fecundação, a fêmea necessita de repasto sangüíneo para começar a ovipor. As fases de desenvolvimento das pulgas são: ovo, larva I, larva lI, larva III, pupa e adulto. São, portanto, insetos que têm metamorfose completa – os chamados holometábolos.
Cada pulga, dependendo da espécie, põe parceladamente seis ou mais ovos, o que resulta num total de 500 a 600 ovos em toda a sua vida. Em temperatura de 23-26°C e umidade relativa do ar elevada, a eclosão do ovo ocorre dentro de um a três dias. A larva III tece um casulo em volta de si, após imobilização e esvaziamento dos intestinos (pré-pupa) para transformar-se em pupa. O período de pupa até a libertação do adulto demora cerca de cinco a 10 dias em temperatura de 26°C. Em temperaturas mais baixas (10°C), pode chegar a 200 dias.

Prevenção e Controle das Pulgas

Na ordem Siphonaptera, nenhuma das espécies é parasita exclusiva do homem. As que dele se alimentam exercem também a hematofagia sobre outros animais, domésticos ou silvestres.
Consequentemente, o combate às pulgas deve ser efetuado em três diferentes níveis:
 Sobre os animais domésticos parasitados,
 No interior das habitações infestadas;
 No ambiente peridomiciliar (quintais, lotes vagos, canis, abrigos de animais, terrenos baldios etc.).
Em todos esses ambientes, o controle pode ser efetuado através de métodos mecânicos e/ou e químicos.

Métodos mecânicos

Sobre Animais Domésticos (Cães e Gatos)
 Catação manual - após inspeção da pelagem do seu melhor amigo e conseqüente reconhecimento de adultos, ovos e fezes. A coceira incessante, acompanhada ou não por dermatite alérgica, é um meio auxiliar de diagnóstico da infestação por pulgas. O exame de fezes também pode evidenciar a infestação, uma vez que, pelo hábito de se coçar, seu cão ou gato pode acabar engolindo algumas pulgas, e elas acabam não sendo digeridas;
Lavagem da pelagem - principalmente quando realizada através de jato forte ou quando se mergulha o animal em recipiente adequado. As lavagens com óleos imobilizam as pulgas, retendo-as na pelagem do hospedeiro, o que facilita o processo de catação manual, se realizado logo em seguida;
 Escovação ou penteação freqüente - as espécies C. felis e C. canis, por apresentarem ctenídios, aderem firmemente à pelagem dos hospedeiros. O processo torna-se mais eficaz quando um pente fino (32 dentes por polegada) for utilizado após untar da pelagem. Este método é recomendado para animais de pêlos curtos ou médios.
No Interior das Habitações
 Varreção cuidadosa da casa e posterior incineração da varredura - quando efetuada repetidamente (se possível, diariamente), promove um controle relativo;
 Uso de aspiradores de pó - recolhe não apenas ovos, larvas e pupas, mas, também, fezes de pulgas e outros nutrientes orgânicos necessários à alimentação das larvas. Lembrar sempre de jogar fora o saco coletor para evitar reinfestação;
 Lavagem do piso dos domicílios - mais eficaz se realizada com água quente e xampu que, em se tratando de carpete, limpa melhor as fibras, facilitando a penetração de inseticidas, caso algum destes venha a ser empregado posteriormente;
 Calafetar ou rejuntar o piso da casa para evitar oferecer abrigo ao animal;
 Lavagem freqüente da "cama" do animal- representada por panos, trapos, esteiras e similares que o animal utiliza para dormir ou repousar.
No Ambiente Peridomiciliar
 Varreção freqüente do canil e outros abrigos, com posterior incineração da varredura;
 Manejo da vegetação - através de poda e retira ervas e arbustos localizados nas proximidade das casas dos animais ou ao longo de suas trilhas incluídas no percurso de rotina;
 Impedir o contato do animal com outros externos ao domicílio: animais vadios de espécie ou itinerantes de outras espécies (roedores sinantrópicos e campestres, marsupiais etc.).

Métodos químicos

Para o combate às pulgas, vários inseticidas, pertencentes a diferentes grupos químicos, encontram-se atualmente em uso, por todo o mundo. Outros produtos, os reguladores de crescimento (IGRs = insect growth regulators) e os inibidores de desenvolvimento, embora não classificados propriamente como inseticidas, atuam com a mesma finalidade.
Embora disponíveis comercialmente sob várias formulações (talco, xampu, sabão) para tratamento de animais domésticos, o uso mais frequente tem sido através de coleiras impregnadas, com o inseticida agindo por via sistêmica, em caráter preventivo.
Um programa de controle de pulgas, para ser qualificado como de boa qualidade, deverá envolver diferentes estratégias, através da utilização simultânea de métodos mecânicos e químicos. O tratamento das infestações nos animais domésticos deverá ser estendido ao ambiente e vice-versa. É, também, de fundamental importância saber que espécie(s) de pulga(s) constitui(em) o foco de infestação, tendo em vista as particularidades do ciclo biológico, longevidade, preferência e intercâmbio de hospedeiros, e veiculação de doenças. Assim, no caso de infestação por X cheopis, por exemplo, medidas de vigilância e combate aos roedores (anti-ratização e desratização) devem ser tomadas paralelamente.
O controle químico requer cuidados, em face da toxicidade dos inseticidas. Desde que a maior parte dos inseticidas não atua sobre ovos e pupas de pulgas - não apenas devido à ação do princípio ativo, mas também em virtude da formulação empregada -, a aplicação deve ser repetida duas vezes, com um intervalo de uma semana. Quando polvilhado sobre o corpo do animal, o inseticida deverá ser mantido por meia hora; em seguida, lavar bem todo o pêlo do animal com água e sabão. O pó (talco) ou spray, quando aplicado na pelagem, deve ser aspergido rente à pele do animal, o que facilmente se consegue com o deslizamento de um pente fino no sentido inverso ao da implantação dos pêlos.
No interior dos domicílios, a aplicação do inseticida (polvilhamento, bombeamento) deverá ser direcionada às frestas do assoalho, cantos de paredes, carpetes, tapetes, panos e trapos onde habitualmente repousam os animais domésticos.
A aplicação intradomiciliar envolve as seguintes medidas de segurança:
 Retirar, previamente, as crianças e os animais de estimação (peixes, pássaros etc.) dos locais-alvo de tratamento;
 Cobrir adequadamente todos os alimentos e utensílios de cozinha;
 Retornar ao domicílio somente após completa ventilação.
É muito importante ressaltar que o uso de inseticidas é extremamente perigoso e, havendo possibilidade, é sempre melhor evitar o seu uso. O uso indiscriminado de inseticidas no interior do domicílio e no ambiente peridomiciliar requer experiência e cuidados. Conseqüentemente, uma boa medida poderá ser a prestação de serviços por parte de empresas profissionais de reconhecida competência.

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