Características e Espécies
“Scorpion” em inglês. “Escorpiónes” (grandes e perigosos aos seres humanos) ou “alacránes” (que não causam mais do que dor) para os falantes de espanhol. “Escorpione” em italiano. “Scorpion” para os franceses. “Skorpion” em alemão. As palavras em muitas línguas que designam os escorpiões originaram-se de “skorpios”, do grego, e de “scorpio”, do latim. No Brasil, eles são ainda denominados de “lacrau” no nordeste, de “rabo-torto” no Maranhão e de “carangonço” em Minas Gerais. O nome “lacrau”, que veio de Portugal, onde também são usados os termos alacrau e alacraia, pode levar a uma confusão desses animais com as lacraias, que são centopéias. Ambos são artrópodos peçonhentos, mas são muito distintos.
Gary A. Polis, um especialista em ecologia de escorpiões, iniciou seu livro sobre a biologia desses animais com a frase “escorpiões são animais fascinantes”. No entanto, a maioria das pessoas mudaria este texto para “escorpiões são animais assustadores!” Este texto busca propiciar ao leitor informações básicas sobre a biologia, ecologia e controle dos escorpiões, no intuito de desmistificar a péssima fama destes animais.
Escorpiões não são insetos!
Não há melhor forma para entender o fascínio que alguns pesquisadores têm pelo grupo que conhecer alguns detalhes sobre este. Um ponto importante é o de que os escorpiões possuem uma série de características únicas: a longevidade potencial, o longo período que passam na fase de juvenis, os pentes no abdome e outras particularidades que possibilitam seu posicionamento em uma ordem chamada Scorpiones ou Scorpionida, dentro da classe Arachnida. Isso significa que, como as aranhas, eles são aracnídeos, e não insetos como diz grande parte das pessoas. As diferenças entre esses dois grupos são importantes e bem visíveis.
Reprodução:
A maioria dos escorpiões se reproduz sexuadamente, ou seja, machos e fêmeas acasalam para gerar descendentes. É possível distinguir os sexos porque ocorre dimorfismo sexual nesses animais: machos e fêmeas possuem diferentes tamanhos, diferentes formas de palpos ou outros órgãos, apresentam determinadas estruturas com exclusividade ou apresentam outras características diferenciais. Machos de escorpião-marrom (Tityus bahienses), por exemplo, possuem palpos mais volumosos que os das fêmeas.
O Veneno do Escorpião e suas Consequências
Sem dúvida, o grande mal dos escorpiões é o veneno, que pode ser tóxico em maior ou menor grau aos homens dependendo da espécie. Apesar da sua grande importância na evolução e sobrevivência desses animais, é essa característica a grande causadora do terror e calafrios da população em direção a eles, rendendo-lhes o título de praga urbana. È importante lembrar, porém, que as espécies que realmente causam acidentes graves, estas sim consideradas perigosas, não passam de 25 dentro de um grupo de mais de 1500. Além disso, dessas 25, apenas cinco são encontradas no Brasil. O medo extremo existe, portanto, devido à falta de conhecimento do povo. O escorpião-preto (Bothriurus araguayae), por exemplo, que é abundante em algumas cidades do estado de São Paulo, vem causando pânico em muitas pessoas apesar de não causar mais do que dor com sua picada.
O que fazer se eu levar uma picada de escorpião?
As decisões iniciais que seguem um acidente podem determinar suas conseqüências. Tendo isso em vista, seguem algumas medidas a serem tomadas em casos de ferroadas:
1. Lavar o local com água e sabão e aplicar compressas de água fria. A vítima deve ser mantida deitada e evitar grandes movimentos para não favorecer a absorção do veneno. Se a picada estiver no braço ou na perna, mantê-los mais elevados. Não fazer torniquete ou sucção no local da ferida, não espremer, cortar, furar ou aplicar folhas ou outros produtos.
2. Coletar o escorpião. Se ele ainda estiver vivo, isso pode ser feito invertendo-se um frasco de boca grande sobre o bicho e passando-se uma folha de papel embaixo do recipiente e do animal, que deve ser substituída pela tampa furada após virar o frasco. Não é necessário colocar alimento. Também é possível capturá-lo segurando o pós-abdome com uma pinça, de modo a impedir o uso do ferrão. Nunca utilize sacos plásticos para aprisionar indivíduos. Também é importante saber para realizar a captura que escorpiões não saltam.
Se o animal estiver morto, coloque-o em um frasco de vidro com álcool.
Se possível, identifique o escorpião. Constatado alto grau de periculosidade, leve a vítima imediatamente a um hospital.
3. Para amenizar a dor da ferroada, podem ser utilizados analgésicos ou bloqueios anestésicos locais.
4. Observe a vítima. Se ela apresentar os sintomas: náuseas ou vômito, suor excessivo, abaixamento da temperatura, agitação, tremores, salivação, aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial (pressão sangüínea), leve-a imediatamente ao serviço de saúde mais próximo com o escorpião capturado. O soro anti-escorpiônico deve ser aplicado em último caso, pois pode gerar distúrbios. Em pacientes com hipersensibilidade (alérgicos) pode até mesmo levar a óbito. Esse, no entanto, é o único tratamento eficaz para a maioria dos casos graves.
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Métodos de Prevenção
As soluções para o problema de escorpianismo são, geralmente, simples e resumem-se a aumento de atenção, organização e melhorias de condições higiênicas. São necessários cuidados especiais no verão, quando esses animais surgem com maior freqüência em locais com condições propícias.
Seguem os primeiros passos para a prevenção do contato com esses animais:
Eliminação de abrigo
Escorpiões se escondem em meio a entulho, lixo, pedaços de madeira amontoados, tijolos, telhas, ferro-velho, pedras, em terrenos baldios abandonados, jardins com folhagens densas (como trepadeiras e bananeiras) ou gramas mal aparadas, etc. Tudo isso deve ser evitado em residências. Gretas de paredes, muros, pisos e demais devem ser calafetados. Outros possíveis esconderijos como porões, depósitos, materiais de construção, embaixo de cômodas e armários, forros de madeira, gavetas ou outros locais que não podem ser eliminados devem ser muito bem limpos periodicamente.
Eliminação de alimento
Os escorpiões ocupam as cidades em busca de alimento fácil e abundante, como as aranhas, baratas e outros insetos. Onde há essa oferta, cresce muito a probabilidade de se encontrar um escorpião para aproveitá-la.
Limpezas regulares das residências, fechamento de ralos e até mesmo dedetizações regulares reduzem muito as populações dessas presas e dão conta desse item na maioria dos casos.
Eliminação de fontes
Existem muitas áreas, como próximas a rios, terrenos abandonados ou vegetação densa, nas quais os cuidados somente na residência não são suficientes. Nesses casos, bloquear possíveis entradas dos escorpiões pode ser bastante eficiente. Seguem possíveis atitudes:
fechamento total de espaços entre portas a chão com uso de sacos com areia ou friso de borracha;
manter telas nas janelas;
manter ralos de chão, pias e tanques fechados com telas ou com pesos, como saquinhos com areia, e lavá-los periodicamente com
creolina ou água quente;
colocação de uma faixa de azulejos bem lisa em torno das paredes externas das residências;
construir as rampas para automóveis distantes cerca de 5 cm das paredes.
Os escorpiões possuem inimigos naturais, como sapos, corujas, seriemas e outras aves. Ter galinhas no quintal é uma boa forma de eliminá-los antes que adentrem nas casas.
Um exemplo de como as condições próximas a um local podem afetá-lo é o caso de uma creche em Pirapozinho, cidade do Pontal do Paranapanema, no interior paulista. Por se localizar entre um cemitério e uma madeireira, ambientes preferidos por escorpiões, a creche foi infestada por escorpiões-amarelos, muito perigosos, e teve que ser fechada. Nesses casos, é importante a atuação dos munícipes com denúncias de possíveis criadouros ou abrigos e com cobranças de ações de controle e zelo da administração pública.
Evitar o encontro
Em locais de alta incidência de escorpionismo, cuidados diários e aumento de atenção para evitar o contato com esses animais são importantes. Deve-se, entre outras coisas:
sacudir vigorosamente calçados com a sola para cima entes de usá-los, para expulsar possíveis moradores;
olhar bem roupas e panos antes de pegá-los;
não por mãos nuas em buracos no solo, sob pedras, troncos podres ou pedaços de madeira, tijolos ou telhas empilhadas e usar, se
necessário, luvas de raspas de couro para proteção;
evitar andar descalço;
colocar as camas a pelo menos 10 cm das paredes.
Essas medidas preventivas algumas vezes não são suficientes para eliminar o perigo da presença de escorpiões. Nesses casos, como último remédio, utilizam-se inseticidas, ou escorpionicidas, muito eficazes no controle de suas populações, mas com desvantagens consideráveis. Essas substâncias, além de não seletivas, nem sempre são aplicadas corretamente e podem apresentar riscos graves a crianças e animais domésticos, às vezes piores que os próprios escorpiões, como é o caso do combate ao escorpião-preto (Bothriurus araguayae), freqüente em São Paulo, mas que não apresenta riscos consideráveis à saúde.
Outra desvantagem é que as pulverizações só completam sua ação sobre esses aracnídeos quando em contato direto com eles. Isso é muito difícil se lembrarmos dos hábitos dos escorpiões de viverem escondidos. O escorpião-marrom, por exemplo, pode viver até dois metros de profundidade dentro da terra, dentro de buracos cavados, fendas, rachaduras no solo e cupinzeiros, onde não serão atingidos pelas aplicações. Dessa forma, a ação de inseticidas torna-se restrita a algumas horas iniciais e são necessárias, portanto, aplicações freqüentes por um longo período de tempo. Por tudo isso costuma-se assumir que não há tratamentos com inseticidas eficazes para a eliminação de escorpiões.
Apesar disso, aplicações de inseticidas podem indiretamente combater escorpiões ao eliminar suas fontes de alimento, principalmente aranhas, baratas, grilos e outros insetos. Mas, estas devem ser realizadas por profissionais capacitados para o manuseio adequado destas substâncias, uma vez que estas geralmente apresentam toxicidade ao ser humano e animais domésticos.
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